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Sábado, 3 dezembro, 2011-segunda-feira 5 de março, 2012
Musee National Fernand Léger, em Biot
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Ir ao o circo.
Nada é tão redondo como o circo.
Esta é uma enorme tigela onde se desenvolvem formas circulares.
Ele não pára, tudo é contínuo.
A pista domina, comanda, absorve.
O público é o cenário móvel, que se move conforme a ação na pista.
As figuras sobem, descem, choram e riem.
O cavalo gira, os acrobatas se movem, o urso atravessa o aro e os malabaristas lançam anéis para o espaço [...].
Vá ao circo.
Você deixará as suas janelas geométricas e você irá ao país dos círculos em movimento.
Fernand Leger, Circus, Edições Verve, 1950
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Léger e Tériade
Circo é a obra-prima gravada de Leger, inteiramente realisada pelo artista em 1950, a pedido de Tériade, uma das maiores editoras de arte do século XX. Depois dos Divertimentos de Rouault em 1943 e o Jazz de Matisse em 1947 e antes do Circo de Chagall em 1967, este é o terceiro livro sobre o tema, encomendado pela Edições Verve aos artistas plásticos. Seguem várias obras ilustradas por Leger, mas o texto foi escrito por outros (Cendrars, Malraux, Eluard ...).
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Inteiramente realisado pelo artista, o livro é composto de 113 páginas com tiragens elaboradas pelos irmãos Mourlot, famosos litógrafos parisienses.
O texto foi escrito a caneta. Os guaches coloridos e os desenhos em preto e branco fazendo reviver as memórias da infância em Argentan com espontaneidade e do Circo Medrano em Paris.
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Léger escreveu o texto depois de terminar as ilustrações. Seguindo o método de seu amigo Cendrars, ele usa frases tiradas de seus escritos anteriores e remonta-os por colagens com uma lógica próxima à montagem cinematográfica.
Em algumas ilustrações, esses contrastes são acentuados pela separação entre linha e a cor. Este novo processo que lembra a recente visita do artista aos Estados Unidos que foi marcada pela violência intermitente das luzes noturnas da Broadway.
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O tom nunca é doutoral, mas reflete, no entanto, com simplicidade e discernimento as sensações do artista durante suas viagens através do país e ao redor da pista.
O pensamento do artista se vira de fora para dentro ligando as memórias da juventude à experiência do mundo contemporâneo.
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Passando as cortinas vermelhas, você entra na pista. Fernand Leger o convida a viajar "na terra de círculos em ação", em que os figurinos deslumbrantes com mil luzes sob os projetores, a dinâmica dos números que se sucedem em um tilintar de sons sem ligacões narrativas, a pista esférica atravessada pelos corpos flexíveis dos acrobatas encantam o pintor que encontra uma imagem embemática do grande espetáculo da vida moderna.
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Com Leger, os artistas de circo viajam de um quadro para outro, da mesma forma que os motivos das cordas, barras, pesos, balanças ou balões que pontilham sua produção desde o Circo Medrano (1918, Museu de Arte Moderna) seguem até as grandes pinturas dos últimos anos tais como os Construtores ou os Lazeres.
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Virando as páginas de Circo, o leitor toma conhecimento de uma nova relação que se estabelece entre o homem e a natureza através da mudança tanto de paisagens como o da nossa relação com o corpo.
Através do diálogo entre o texto e a imagem que ele permite, o livro é para o artista uma ferramenta adequada a gerar sensações, capazes de perturbar o leitor levando-o a mudar a sua visão do mundo e sua capacidade de agir.
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Nisto, as pesquisa de Léger sobre o universo dos saltimbancos fazem do Cirque um testamento magnificamente artístico magnificamente acompanhado pela última séie das Paradas pintadas antes da morte repentina do artista em 1955.
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Na exposição, a configuração integral das páginas do álbum permitem explorar esse tema fundador em Léger. Além disso, uma seleção de trabalhos e documentos da coleção do museu e alguns empréstimos (doMuseu Nacional de Arte Moderna, Galeria Leiris, coleção Alain Frère ...) evocam a permanência do tema circo no artista à partir de 1918.
Finalmente um documentário e contextualiza a importância deste assunto na imaginação dos artistas modernos e a relação de amizade entre Tériade e Léger levando-o a encomenda do livro.
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http://www.musees-nationaux-alpesmaritimes.fr/cms.html?pID=96
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Museu Nacional Fernand Léger
Chemin du Val de Pome
06410 Biot
Tél: 33 (0)4.92.91.50.20
Fax : 33 (0)4 92 91 50 31
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