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Grand Palais até o dia 2 de fevereiro de 2015.
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Ela foi bela, rebelde, visionária, feminista e irreverente. Uma das artistas plásticas mais influentes do século 20, a franco-americana Niki de Saint Phalle ganha uma retrospectiva no Grand Palais, de Paris.
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Quem passa por Paris, dificilmente não vai deixar de ver a fonte Stravinsky, ao lado do Centro Pompidou, o Beaubourg. Niki assina a criação, uma piscina repleta de esculturas giratórias, com o companheiro de longa data, Jean Tinguely. A obra é uma dos cartões-postais da capital francesa.
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Catherine Marie-Agnès Fal de Saint Phalle nasceu em uma família aristocrata em Neuilly-sur-Seine, subúrbio burguês de Paris, em 1930, e adotou o nome artístico de Niki de Saint Phalle. Começou a vida artística como modelo e cantora. Autodidata, ela se inspira no trabalho de Gaudí, Dubuffet e Pollock para se tornar pintora, escultora e cineasta. Niki de Saint Phalle era a única mulher do grupo Novos Realistas, do qual faziam parte artistas como Arman, Yves Klein e Jean Tinguely.
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Tiros
Em 1961, Niki realiza a primeira performance da série “Tiros”, que consistia em uma tela branca na frente de vários sacos com tintas coloridas. A partir de tiros de carabina, as tintas explodem na tela. A experiência foi repetida durante vários anos, em vários países, inclusive com participação do público.
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Brasil
Transitando entre Estados Unidos e Europa, Niki faz pinturas, colagens, gravuras, esculturas monumentais e filmes. Seu trabalho viaja pelo mundo. Em 1997, uma mostra itinerante chega à Pinacoteca de São Paulo. A artista não vem para a exposição, mas doa várias obras, inclusive uma fonte com quatro Nanás se banhando, exposta no pátio da Pinacoteca, como conta Valéria de Mendonça, conservadora chefe da instituição.
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O lado sombrio e violento da obra de Niki ganha outra leitura com a publicação, em 1994, de seu livro de memórias “Mon Secret” (“Meu Segredo”), onde revela o estupro sofrido quando tinha apenas 11 anos, pelo próprio pai, na época com 35. No final da vida, Niki se dedicou a obras cada vez maiores, para espaços públicos, como o Jardim dos Tarôs (na foto abaixo), na Toscana, Itália. Ela morreu em 2002, nos Estados Unidos, aos 71 anos. A retrospectiva de Niki de Saint Phalle acontece no Grand Palais até o dia 2 de fevereiro de 2015.
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L’Ange Protecteur
Nanás
Em seguida, vieram as Nanás, que se tornaram uma espécie de marca registrada de Niki. As primeiras, de tecido e lã, e depois em resina e gesso pintado, surgem em 1965. Elas foram mudando de tamanhos e materiais com o passar dos anos, mas continuaram sempre rechonchudas, coloridas, exóticas e alegres.
Camille Morineau, curadora da mostra em Paris, lembra que as Nanás também são guerreiras. “Niki dizia que eram mulheres emancipadas, com corpos dinâmicos, esportivos, que tomam o espaço público levando uma mensagem feminista, num momento em que a França e a Europa não tinham interesse no assunto”.
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Fachada do Grand Palais com a exposição
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